Conservação da Biodiversidade na Amazônia
A Amazônia tem bons motivos para comemorar. Na data em que se celebra o Dia Internacional da Floresta Tropical, 26 de Junho, a organização ambientalista Conservação Internacional (CI-Brasil), a Fundação Alcoa e a Alcoa Alumínio S.A. lançaram um programa de apoio à conservação da biodiversidade em uma das áreas mais ricas em espécies da região, entre os rios Tapajós e Madeira, ao Oeste do Pará e Leste do Amazonas. A iniciativa foi reconhecida pelo Ministério do Meio Ambiente, por meio do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Pará (SEMA).
O Programa terá a duração de cinco anos e receberá R$ 2 milhões das instituições parceiras. O objetivo principal é colaborar com a implementação das unidades de conservação na região, estratégia indicada como sendo a mais eficiente para proteger a biodiversidade e conter o desmatamento em áreas de grande dinâmica social e econômica, segundo muitos estudos de referência. A iniciativa é a expansão de uma parceria que já comemora três anos. Desde 2004, com suporte financeiro da Alcoa, a Conservação Internacional trabalha no Parque Nacional da Amazônia, em Itaituba, Pará.
Na primeira fase do programa, foram selecionadas cinco unidades de conservação como prioritárias para investimentos: Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, Parque Nacional da Amazônia, Floresta Nacional do Pau Rosa, Floresta Estadual de Maués e Floresta Nacional de Amaná. Essas unidades estão praticamente conectadas entre si e formam o núcleo de um novo Corredor de Biodiversidade na Amazônia, com quase 10 milhões de hectares, distribuídos entre os municípios de Juruti (PA), Maués (AM), Santarém (PA), Aveiro (PA) e Itaituba (PA).
Programa de Conservação - O Programa será dividido em quatro componentes. O primeiro tem como objetivo fazer um diagnóstico da situação das cinco unidades de conservação para identificar as ações prioritárias em cada uma delas. Um detalhado mapeamento institucional será feito para compreender as percepções da sociedade local sobre estas unidades e a capacidade técnica existente na região para o desenvolvimento de projetos de conservação.
O segundo componente é o de apoio à implementação das cinco unidades de conservação prioritárias por meio da alocação de recursos técnicos e financeiros aos gestores das unidades. Esses devem submeter projetos para serem avaliados do ponto de vista técnico e, caso aprovados, eles passarão a receber o apoio do Programa.
O terceiro componente do Programa de Conservação visa a capacitar, por meio de cursos e seminários, indivíduos e instituições locais para o desenvolvimento de programas de conservação e desenvolvimento sustentável.
Por fim, o quarto componente objetiva conceder apoio técnico e financeiro para que os indivíduos e as instituições capacitadas no componente anterior possam desenvolver seus próprios projetos ambientais. O primeiro e o segundo componentes do Programa de Apoio à Conservação da Biodiversidade da região Tapajós-Madeira serão desenvolvidos durante o ano de 2007, enquanto os outros serão iniciados a partir do ano que vem.
Desenvolvimento sustentável - Segundo Maurício Mercadante, diretor de Áreas Protegidas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), a iniciativa lançada pelas duas organizações está de acordo com as diretrizes do Governo, que busca promover o desenvolvimento local e regional com base na conservação e no uso sustentável dos recursos naturais. “Queremos gerar riqueza, emprego e renda. Melhorar a vida das pessoas sem destruir a floresta, mantendo-a em pé e o mais íntegra possível sob o ponto de vista ecológico”, afirma.
Mercadante retoma a experiência que uniu várias instituições, como o Ibama, a CI-Brasil e a Alcoa, em projeto de apoio ao Parque Nacional da Amazônia, que teve como um de seus resultados a implementação de infra-estrutura para o uso público da área, com a construção de um mirante e de trilhas interpretativas no local.
A iniciativa foi considerada pela Secretaria de Meio Ambiente do Pará um bom exemplo de como o setor empresarial e o terceiro setor podem se unir visando a contribuir com a conservação da biodiversidade de um dos lugares mais ricos do planeta.
Biodiversidade local - Entre a diversidade de animais presentes na região Tapajós-Madeira, há espécies endêmicas – que são encontradas somente naquela região – tais como a Mãe-de-taoca-arlequim (Rhegmathorina berlepschi), uma bonita ave encontrada em sub-bosques da floresta e que segue marchas de formigas-de-correição, e dois pequenos primatas conhecidos como Sagüi-de-Santarém (Mico humeralifer) e Sagüi-de-Maués (Mico mauesi). Além disso, há registros comprovados de populações de espécies ameaçadas de extinção, tais como a ararajuba (Guaruba guarouba), o periquito verde-amarelo, que depende de extensas florestas para a sua sobrevivência, e a arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus).